O domingo 7 de dezembro de 2008 marcou o momento mais triste da história dos 110 anos do Vasco da Gama. O rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol já era esperado pelos torcedores do clube, mas no fundo do coração todos ainda tinham uma esperança. No microfone da Rádio Manchete AM 760 RJ, emissora que trabalho como comentarista disse que este acontecimento foi uma seqüência de problemas estruturais e políticos que interferiram no time em campo. Apesar de tudo esta equipe é muito fraca e perdeu jogos fundamentais dentro de casa, no conhecido Caldeirão de São Januário.
Agora não adianta mais ficar chorando. É fundamental seguir e 2009 está aí!!! O Vasco precisa se espelhar nos clubes grandes que recentemente cairam como Corinthians, Grêmio, Palmeiras e outros. O Vasco demorou muito para perceber que sua história não combina com ditadura, que não é palco para alguns agenciadores de jogadores fazerem negócios. Mesmo que a nova diretoria não tenha ainda mostrado um projeto, hoje o presidente do clube é um dos maiores ídolos do país e por isso nos deve este resgaste honroso, principalmente porque recebeu a confiança do maior patrimônio que o clube tem que é a sua torcida.
Neste momento quero relembrar meu amigo, o inesquecível jornalista e senador Artur da Távola, que não era vascaíno, mas como homem de comunicação, soube expressar o sentimento de cada grande clube de sua cidade, o Rio de Janeiro. Ele escreveu no livro Arte de Ser o seguinte texto:
Ser Vasco
Ser Vasco é ser intrépido tanto quanto leal. É ter o sentido da história do Brasil a fundir povos e raças sem preconceito. É ser navegante da esperança, não temer aventura, futuro, conquistas, calmarias ou tempestades.
Ser Vasco é renegar o temor e ser popular sem populismo, ser valente sem arrogância e ser decidido sem soberba. É ter a vocação da vitória e a disposição necessária à qualidade e ao mérito por saber que virtudes necessitam de energia e energia, de vontade. Ser Vasco é, pois, ser virtude, vontade, valor e vanguarda: tudo com o V de Vida, o mesmo de Vasco.
Ser Vasco é conhecer o grito de entuasiamo, esperar a hora de vencer e sentir o cheiro do gol. É incendiar estádios e extasiar multidões. É advinhar instantes decisivos e saber decidir.
Ser Vasco é ser mais povo que elite mais tradição que novidade, mais segurança que aparência, mais clube que time, mais vibração que delírio, mais vigor que agressão.
Ser Vasco é ousar, insistir, renovar-se, trabalhar para construir a vitória não como forma de superioridade mas de aperfeiçoamento da vida e do esporte. É gol, é gala, é garbo de uniforme original, cruz no peito, sonho n'alma e amor no coração.
Ser Vasco é emoção recompensada porque vitória bem planejada, é lance, é lança, liberdade, impulso e convicção.
Ser Vasco é sentir o gosto da felicidade, da vitória e do grito maiúsculo de gol. É ter sabedoria e prudência, unidas na tática certeira ou na organização eficaz. É viver a emoção de lembrar nomes, lendas, heróis e legendários craques, troféus, títulos, retratos, faixas, taças, copas e vitórias imortais. Ser Vasco é ter idênticos motivos para cultuar o passado tanto quanto crer no futuro.
Ser Vasco, enfim, é saborear com humildade o orgulho sadio da vitória merecida, do entusiamo com motivo e da grandeza como destino.
Artur da Távola
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